Saturday, December 13, 2008

Engate à portuguesa

Esta é daquelas alturas em que gostava de ser um bocadinho menos ordinário, por forma a que tivesse mais mulheres (sim, parece que ainda tenho algumas) a ler este blog. Isto porque, interessava-me a opinião e experiência de algum elemento do sexo feminino em relação a esse espécime tão especial, o engatatão português.

Ora, a razão de ser deste post foi ter assistido (fiquei absolutamente deslumbrado) a um destes verdadeiros "predadores sexuais" em acção, ontem, no Casino do Estoril. Já agora, e antes de irmos ao assunto central do tópico, o meu reparo em relação às doses que servem num restaurante que há para lá: Um folhado daqueles de amostra, com 6 pedacinhos de verdura (erva) não é uma entrada. Pão, azeitonas, chouriços, queijos (atenção ao plural) são entradas. Um líquido servido num pires com a altura de 0,4 cm (medido a olho após mergulhar a pontinha da colher - e foi tudo o que consegui mergulhar) não é uma sopa. Uma tijela de couve, feijão, carne, massa, chouriço, toucinho, é uma sopa. Cheia até acima. Dois profiteroles de carne com arrozinho on-the-side, decorado com um tomate miniatura (onde caralho arranjam aqueles tomates?) não é um prato. Um prato é... muita coisa, que não aquilo. E um quadrado 3x3 cm de pudim não é uma sobremesa. Fica a explicação para os responsáveis. Adiante.

Ora, voltando ao garanhão do Estoril, como ficou conhecido. Acontece que estavam por lá duas miúdas giras a trabalhar, recebendo amavelmente as pessoas à entrada. Nível. Ora, a maioria dos homens vive a vida sem nunca aprender aquele grande primeiro segredo universal: como meter conversa com uma mulher bonita que não se conhece. Este é um segredo extremamente bem guardado por um motivo simples: Isso não se faz. Principalmente quando a mulher está a trabalhar. Porquê, pergunta o ignorante leitor? Porque uma mulher já tem que aturar uma quantidade impressionante de merda durante a sua vida, ou seja, mais um merdas não ajuda. Depois, a maioria dos homens também vive a vida sem nunca aprender aquele grande segundo segredo universal: como manter uma conversa com uma mulher que, por boa educação, apenas emite os sons "hmmm-hmmm", "ah" e "pois" (acontece principalmente quando a mulher tem mesmo que ficar naquele sítio, e não pode fugir). Mais uma vez, o motivo para este mistério está no facto de que isto também não se faz. Porque é simplesmente triste.

Felizmente, nós, portugueses, somos inconvenientes. Somos inconvenientes uns para os outros, somos inconvenientes para os outros europeus, e somos, basicamente, um inconveniente para o mundo (por exemplo, alguém ousa considerar este blog conveniente?). Assim sendo, temos por cá, como é óbvio, muitos jovens completamente dispostos a entediar raparigas até à fila do centro de emprego (as que presenciei no casino estão já a mandar cv's), ignorando completamente o facto de que, digamos, estão a correr sem sair do mesmo sítio. Persistência notável.

Agora, o engatatão português fode? A resposta é sim. Não o do Estoril, mas apenas porque a janela temporal não permitiu. Permitam que elabore.

Lembram-se da cena do "Matrix", em que os agentes tinham o "afro-americano" na cadeira algemado, e lhe estavam a tentar sacar os códigos? Não lhe bateram, não o ameaçaram, não o torturaram. Mas estiveram quase lá. Porquê? Porque quando a dose de tédio aumenta até certo ponto, as pessoas cedem.

Uma mulher, em média, demora alguns meses a ceder. Mas cede. Levar durante meses com o engatatão português é complicado. Lembram-se da Marta e do Marco do Big Brother? Ela não o queria, ele não quis saber. Foi apenas uma questão de tempo.

A falta de respeito, consideração, senso comum, inteligência e capacidade social (características chave do sujeito) são apenas anestesiantes, e com o tempo, o corpo cria a chamada "habituação" e efeito repulsivo inicial perde-se. É anatomia, simples.

Porque não somos todos capazes de o fazer? Amor-próprio. O homem normal percebe que algo está mal quando os olhos de uma mulher dizem "aborrecida de morte", e segue o seu caminho. Para o bem de muitos namoros forçados, e para a desgraça de muitos casamentos (óbvio), há quem não tenha pingo disso.

1 comment:

PAA said...

Excelentes comentários.Alguém com olho e miolos.Caramba!Já fazia falta alguém assim.Que não se limite a engolir passivamente toda a merda que nos querem meter "pelos sentidos adentro".
Continua ... Quanto a mim tás a fazer um bom trabalho.E quanto ao vocabulário ...Bem não é o melhor, mas pelo menos a preocupação aqui não é a puta da imagem e o ser-se politicamente correcto.É graças à nossa mania de sermos politicamente correctos e nos preocuparmos com a merda da imagem é que a sociedade tá tão cheia de merda e de assuntos supérfluos e sem sentido.
pensador...