Friday, November 12, 2004

Carta para o meu rico banco

Gostaria de partilhar convosco, uma carta que enviei ao meu banco, a respeito daqueles aldrabões não me quererem emprestar dinheiro. Acho que dadas as circunstâncias, fui educado c'mó caralho. Aqui vai:

"Assunto: Sugestão e Comentários
sub-Assunto: Crédito ao Consumo


Boa tarde,

Dado que classifiquei o assunto da presente carta como "sugestão", venho assim sugerir a v. exmas. que deixem de me enviar a Newsletter Universitário para casa, sob pena de fechar a conta que mantenho há 5 anos no vosso banco. A razão que justifica a minha atitude é simples: A vossa newsletter encontra-se repleta de informações e alegadas prestações de serviços que, na prática, não passam da própria carta, e não correspondem à realidade que reside no vosso banco.

Passo a explicar: Todos os meses me pedem para pedir dinheiro emprestado, ou seja recorrer ao crédito. Dizem-me que, como sou universitário, tenho uma infinidade de vantagens, muito particularmente na compra de computadores portáteis, um dos serviços que os srs. mais divulgam. Ora, chamem-me ingénuo, para não dizer parvo, mas não é que resolvi, após 5 anos sem solicitar um único serviço a v. exmas. recorrer ao crédito? Mais precisamente solicitei 1000 euros para pagar num ano, com o objectivo de comprar precisamente um portátil. Resposta imediata da senhora que me atendeu: "Não. Precisa do seu pai para recorrer ao crédito." Acho isto realmente fantástico. Nesse caso porque não enviar-lhe a newsletter a ele?

Gostaria de salientar o facto de estarmos a falar de 1000 € (+- 200 contos), embora a senhora que me atendeu tenha agido como se tivesse pedido 100 000 para comprar uma casa. Para mais, o meu saldo actual é quase suficiente para pagar a quantia em questão e ficou provado que teria rendimentos ao longo do próximo ano (para além do meu ordenado, estão estabelecidas transferências mensais da conta, imagine-se, do meu pai, só de si suficientes para pagar a totalidade do empréstimo, mais juros) e que não podia recorrer ao meu pai, por este se encontrar no estrangeiro, a trabalho.

Conclusão: Não estava em causa se eu podia ou não pagar o empréstimo. Aparentemente a dúvida residia no facto de eu pretender ou não respeitar o compromisso que assumiria convosco. Dito de outra forma, acharam que tinha cara de ladrão.

Cumprimentos, P.M."


A carta pecou por curta, havia mais a dizer, mas os gajos têm limite de carácteres naquela merda. Ainda por cima, os assuntos tiveram que ser pré-definidos. Talvez tenha sido pelo melhor. Assim não pude escrever "Assunto: reclamação de um gajo fodido da vida"