Saturday, August 14, 2004

Sexta-Feira, 13

Dia de azar para alguns, dia de sorte para outros (esta nunca percebi muito bem) e um dia perfeitamente igual aos outros para pessoas inteligentes que sabem que ter sorte ou azar, não passa de uma coincidência probabilística (ou, pensava eu...)

Antes demais, explicar ao que se deve a ideia de uma sexta-feira, dia 13, ser um dia de particular tendência para o infortúnio. Tudo começou à muito tempo atrás, quando só havia 2 pessoas no mundo, Adão e Eva, que ao invés de, como 2 pessoas normais sem cinema e nem tv, passarem o tempo todo a comerem-se, encontravam tempo para fazer sei lá o quê (só sei que não era sexo, porque vem descrito na bíblia o que eles faziam, e na bíblia ninguém fode, excepção feita a Judas, que fodeu Jesus, mas isso foi figurativamente), e entre essa vasta lista de actividades, Eva travou conhecimento com uma cobra que a levou a dar uma maçã proibida a Adão, precisamente numa sexta-feira.

O número 13, era nada mais nada menos, que o número de pessas sentadas à mesa da última ceia, e juntando os 2, se tudo isto fosse uma operação aritmética como a soma, iriamos obviamente ter 2 vezes mais merda numa sexta-feira, 13.

Apesar destas "calamidades" todas, há quem continue a achar a sexta-feira, 13, como um dia de sorte. Quem? Os chico-espertos, que têm a mania que são especiais. Como é dia de azar para muita gente, acharam por bem considerá-lo o seu dia de sorte, como forma de "mostrar" a sua "superioridade" em algo que não me ocorre de momento. Talvez em estupidez. Bem, adiante.

A razão deste post é a minha vontade de partilhar convosco a minha sexta-feira, 13, que, me deixou a pensar se esta treta do azar, afinal, não seria mesmo verdade.

Então, de dia fui até à praia, gozar as férias, tudo muito bem. Nada a assinalar. Ao chegar a casa, já com alguma vontade acumulada durante a viagem de regresso, abanquei no wc e soltei o demónio. Foi notável, em termos quantitativos. Sem querer ser demasiado visual. De qualquer forma, nada de anormal, até aqui. À noite, combinei sair com uma amiga (muito boa amiga, mas nada mais que isso, até porque sou um tipo comprometido e traição, para mim, devia dar direito a deportação. Já me passou a fase do linchamento público). Tinha combinado às 22h em determinado spot. Enquanto espero pela senhora, aconteceu algo que nunca tinha acontecido, nos meus 22 anitos de existência: Estava eu ali de pé, na minha, quando começo a ouvir um barulho, proveniente da minha tripa. Pensei logo para mim mesmo: "afinal, inda ficou qualquer coisinha. Mais logo, vai haver festa outra vez". Não podia eu, estar mais enganado. Depois do barulho, a dor. E foi brutal. Uma cólica diabólica, resultado da deslocação da merda em direcção à saída. Comecei logo a suar. Mas continuava optimista: "bom, depois dela aparecer, tenho que dar um pulo a casa, antes da saida, senão morro". Bom plano. Só houve um problema. Ela não aparecia! E ali tava eu, com o cu nas mãos, no meio da rua, a tentar partir uns pausitos secos, e a contar os carros que passavam, para me distrair. Foda-se, timing de merda. Literalmente. Não podia ter acontecido em pior altura. Então cedi. Passavam 10 LONGOS minutos da hora combinada. Não se faz um homem esperar. Muito menos assim. Fui para casa. Nunca aquele caminho me tinha custado tanto. Houve alturas em que desesperei. Pensei que não iria conseguir. Pensava na minha família, em como os amava e nunca lhes tinha dito. E agora podia nunca voltar a ter a oportunidade. A agonia era tal, que não há treino que nos possa preparar. Os minutos passam, e a nossa hora está cada vez mais próxima. Foi duro. Mas não desisti. Continuei. Sempre. Ao fundo, uma luz. Esperança. Estava salvo. E quando finalmente senti o mármore frio da sanita no rabo, foi como se uma luz incidisse directamente do céu sobre mim. Vi Deus. Ou não, e era a luz do tecto. Que se foda. Tava a cagar, e isso, meus amigos, é o que realmente importa.

Face a estes acontecimentos, a sexta-feira, 13, passou a ter um novo significado para mim. Sim, a sexta-feira, 13 de Agosto de 2004. Foi o dia em que me apercebi, que apesar das coisas parecerem estar a correr bem, pode sempre acontecer merda.

2 comments:

- said...

simplesmente genial
...

chorei (literalmente) a rir...

Unknown said...

Brutal... :P