Monday, August 02, 2004

Função Pública

Presado leitor responsável pelo comentário à última entrada neste aclamado blog:

Antes de mais, queria salientar a forma muito respeitosa como o comentário foi feito. Recorrendo algumas vezes à ironia, é certo, mas até me tratou por você (não foi o primeiro, mas fico sempre aparvalhado quando acontece).

Em todo o caso, existem algumas expressões que carecem de análise.

Se, realmente os funcionários públicos trabalham a sério, peço desculpa. Deve ser depois de as centenas de contribuintes sairem pela porta do estabelecimento. Quando não está ninguém a ver. Talvez esteja a ser injusto ao criticar a sua afirmação, pois tou em querer que a minha definição de trabalho parece bastante diferente da sua. Trabalhar durante o mês de Agosto, num escritório sem ar condicionado parece-lhe mau? E trabalhar num parque automóvel, a andar 10 km a pé por dia ao sol, e outros tantos dentro de carros cuja temperatura interior ultrapassava os 50º, com plásticos a cobrir os bancos, a queimar a peida a um gajo?! E a ganhar tanto ou menos quanto um funcionário público? Só para dar um exemplo. Adiante.

Você defende que a função pública é que faz o país andar. Eu concordo. Em 2 velocidades até. Devagar e parado. Mais um exemplo prático: Inda á cerca de 2 semanas recebi a notificação do processo de 1999 estar a ser "deferido". E mais não dizia. Tive que ir ver ao dicionário o que queria dizer. Era "concedido". E agora? Agora cona (antes fosse). Se quiser saber o que se passa tenho que me ir meter na fila das finanças que começa na bomba de gasolina ao virar da esquina. Isto é fazer o país andar?
O mais triste é que acredito que realmente dê trabalho escrever cartas tão ambíguas.

De qualquer forma, quando diz que existem funcionários públicos e funcionários públicos, é óbvio que tem razão. O mal não está na malta jovem, recém contratada, que se esfola para manter o emprego. Está na velharia, que mama diariamente na teta governamental, sem dizer sequer obrigado, à espera de atingir a idade de reforma e poder oficialmente passar a receber para não fazer nada.

Bom, chega de falar de tristezas. Nunca pensei falar da função pública aqui. Nem tão pouco pensei que houvesse alguém que não conheço a ler o blog. Estou abismado. Adiante.

O presado leitor refere-se em determinada altura à "minha linguagem". Foda-se. Então quer dizer que saltou o ciclo preparatório e não aprendeu a mandar caralhada?? Então deixe-me dar-lhe a notícia de forma suave (um pouco mais suave que quando lhe disseram que o pai natal não existia): A linguagem é NOSSA caralho! Minha, sua e de todos os tugas com eles no sítio. Nas senhoras não fica bem. Mas às vezes até elas necessitam de exprimir num palavrão, aquilo que 10 palavras não conseguiriam...

A parte do hit et Nunc, sinceramente, deixou-me a apanhar do ar. Reconheço a ignorância. Nem tão pouco me deu para ir ver o que era isso. Usando a "minha" linguagem, tou-me a cagar.

7 comments:

o som do vento said...

'Hic et nunc' é uma expressão latina que significa "aqui e agora", para não te dar trabalho "ó puta!" ;)

Filipe de Sousa said...
This comment has been removed by a blog administrator.
grão de pó said...

bem... se calhar não era mal pensado teres este "amigo" como aliado. digo eu :)

ou então não, e continuem na verborreia que isto atrai visitantes. digo eu. novamente :)

Filipe de Sousa said...

olá novamente...
fiquei triste com a sua atitude... retirar o meu comentário...
mas respeito a sua opção...
LOL
um abraço
e vai escrevendo... gosto da tua visão do mundo

kriaxpatala said...

Confesso que não percebi essa. Eu nem sei retirar comentários disto! Salvo erro, apenas o próprio autor do comentário o pode fazer. É o que entendo, pelo que diz lá...

Filipe de Sousa said...

pois... aqui vai o comment misteriosamente desaparecido....

Ok... resposta merecida.
Peço-lhe desculpa se ousei algum dia ver o seu blog... mas o facto é que já o incluí no favoritos, não seja mais para poder dar umas boas gargalhadas de vez em quando.
Sinto-me lisonjeado por ter recebido um tão grande comentário seu, e agradeço-lhe imenso pela palavra "prezado"... pelos visto gostou do meu comentário... até o poderia convidar para ir tomar um café, para discutir o assunto (porque não no bar na ordem dos Engenheiros?), mas pelo sim pelo não prefiro não fazê-lo, ainda não fomos formalmente apresentados, e as minhas "caralhadas" poderiam chocá-lo... ou não...
Pois... a forma mui respeitosa do comentário tem como fundamento apenas o cariz respeitoso que nutro por todo e qualquer ser humano com o qual não tenho um qualquer tipo de relação... não é caso para susto nem para espanto... a linguagem formal existe, pode ser utilizada e não fique aparvalhado, se lhe escrevi, se o fiz foi porque "simpatizei com a sua escrita"... sinta-se lisonjeado, se achar que o deve.
Quanto à sua análise... tentar refutar a sua teoria sem um feed-back activo e imediato pode levar a que esta discussão se prolongue infinitamente... a única razão que me levou a escrever-lhe foi o facto de sentir que me faltou ao respeito de alguma forma. Em todas as classes existem bons e maus profissionais. Na minha opinião o sistema económico neste país está mal organizada (sim, concordo consigo quando se refere ao nosso ex-durão que se revelou muito mole), e penso que no que diz respeito à concepção de trabalho a discussão poderia ser reduzida se se considerar que qualquer emprego é trabalho desde que exista uma "pré-disposição" para tal... como exemplo prático dou-lhe o exemplo da minha professora de matemática... era engenheira e para além de dar aulas tinha mais três "trabalhos" na área da engenharia. Agora pergunto-lhe: um engenheiro trabalha tanto na sua profissão que lhe permita ter contemporaneamente 4 empregos? O resultado do tão grande empenho nas suas funções privadas era tão grande que consegui fazer que alunos de 18 a matemáticas aprendessem o suficiente para tirar 8 nos exames nacionais. Repito: o trabalho está na consciência das pessoas.
Quanto à linguagem... bem, peço-lhe perdão se não utilizei o jergo vulgar que usualmente uso nas minhas conversações mais informais. o "Hic Et Nunc" pelo que sei é muito utilizado na língua portuguesa (também estas fazem parte de uma cultura verbal existente, para além das palavras mais ou menos eruditas encontradas no seu artigo) e quanto ao "deferido"... desculpe-me o desabafo mas... foda-se!!! essa merda de palavra é usada em toda a merda de documentos oficiais caralho, e acho que reclamar porque alguém fez bem a merda do seu trabalho é completamente incoerente com o que anteriormente tinha escrito. Mais acrescento que se o comum dos mortais não fizesse pedidos por qualquer merdinha, não andasse a foder o juízo por qualquer palavra ou coisa de que se esqueceu de fazer no seu devido tempo, talvez o processo de 99 em vez de ter necessidade de 5 anos para obter uma resposta tivesse apenas a necessidade de 5 dias... e espero que disto tenha uma pequena noção...
Quanto ao trabalho em si, deixe-me dizer-lhe apenas uma coisa... o português é todo igual! Se comparar a capacidade e a realização de trabalho entre um italiano do norte e um português provavelmente vai ter vergonha de ter colocado na janela de sua casa a divisa verde, amarela e vermelha... mas repito: a capacidade e a realização de trabalho depende da consciência de cada um. O português vive à espera de um feriado, do fim-de-semana, de todas as pausas que possam existir no ano civil para ir para a praia torrar, para gastar o dinheiro que não tem ou para simplesmente dormir até às 14h00... portanto, sejam funcionários públicos ou não, o que o povinho gosta é mesmo de não fazer nada, e, peço-lhe perdão novamente, que este povinho se foda, porque os cabrões dos gajos que deram glória a este país sofreram as passinhas do Algarve para dar alguma identidade a esta merda de espaço físico com poucas dezenas de km2.
Tenho só uma pequena coisa a acrescentar... não é verdade que a "velhada" não faz nenhum! Mais um exemplos prático: sou contratado, faço parte de malta jovem a que se referiu e se não ou mais novo que vossa excelência não terei mais de 3 anos além da sua idade, e o que acontece é que as "velhas" que trabalham comigo fartam-se de trabalhar, a chefe por exemplo é a primeira a mexer-se, tem 56 anos e com esta idade, desculpa o desabafo outra vez, devia era ir gozar a vida que tem, com a merda de reforma que vai ter, porque a tendência deste governo é por o povo a gozar a reforma no "descanso eterno"...
Para que fique esclarecido... conheci o blog por mero acaso... uma amiga deu-me (conhecida sua) deu-me o endereço para que pudesse ler tão grande obra literária que respeitava à minha classe laboral. indague, faça sondagens, talvez descubra quem foi... e talvez até possamos mesmo ir tomar o tal café...
Acho que não terei que lhe explicar que a linguagem por si afirmada como "aprendida" no preparatório é por mim conhecida, para além ser do Norte (onde todas as frases tem como intercalares "foda-se" e "caralho" e espécimes do mesmo género) moro em Chelas, onde como pode calcular a linguagem não diverge muito. O que fiz foi uma escolha... não é por sabê-la que tenho que a utilizar, não acha?
Olhe... e "caga-se" para o que lhe for na real gana... aprender coisas novas para mim é importante, como o é o confronto "intelectual" com outros...
Mando-lhe um abraço...
Só para perceber que não há ressentimento

kriaxpatala said...

Realmente, quem apagou um comentário assim devia ir preso. Concordo que não seja do interesse de nenhum de nós continuar esta discussão aqui. Até porque acredito que, pelo seu intelecto e capacidade de analisar as questões pelos "2 lados", consiga debater determinado assunto de forma convincente e, ouso dizer, habitualmente vitoriosa, quer seja, ou por ter razão, ou por ser homem para admitir o equívoco e mesmo assim mostrar o seu ponto de vista. Gosto disso. O tal café dependerá da amiga em comum. Não faço ideia quem seja, não vou perguntar, mas se a dita cuja se acusar, veremos. Grande abraço.