Friday, June 24, 2005

O comando

Não tenho cabeça para inventar, por isso vou directo ao assunto.

Sou o único a achar que as televisões deviam ter 2 comandos? Um para ter na mesa de cabeceira, ao lado da cama, ou sofá, e outro para ter noutro sítio estratégicamente pensado, por exemplo, uma secretária? É que quando um gajo se apercebe que deixou aquela merda no outro spot, já está sentado/deitado!

Parece que vivemos no 3º mundo, ou o caralho...

Foda-se.

Monday, June 20, 2005

Lojas de informática

Mais uma vez, venho por este meio prestar um serviço público, como aliás, já vem sendo habitual neste blog. E faço-o porque acho que devo. Porque acho que é o meu dever cívico. Sabem que sou o cúmulo da responsabilidade. "Preocupação alheia" é o meu nome do meio.

Este domingo transacto, depois de jantar, dei por mim a ver uma pequena reportagem na sic, sobre lojas de informática. O assunto interessou-me, não fosse essa a minha área.

A reportagem era um pouco em estilo de "apanhados", ou seja, proporcionava-se uma situação a determinado interveniente, e observava-se a resposta, sendo que, neste caso, os intervenientes foram 4 lojas de informática. A situação era a seguinte: um técnico, contratado pela sic, abriu 4 torres de computador, completamente obsoletos, já com uns bons 6 anos em cima, mas em perfeito funcionamento, e desligou-lhes o cabo IDE (cabo que liga o disco rígido à placa "mãe" ou motherboard). De seguida, fechou as torres, sem mexer em mais nada. O computador, nesta situação, liga, mas não arranca o sistema operativo, que se encontra no disco desligado.

A equipa de reportagem levou então as 4 máquinas a 4 lojas de informática diferente. Hoje é segunda-feira, não me consigo lembrar de todo o paleio, mas vou meter aqui as conclusões:

1ª LOJA - "O pc tem o slot agp (nada a ver) danificado. Foi preciso instalar uma placa pci (aldrabões do caralho) para o pc ficar em condições. 38 euros."

2ª LOJA - "Era só um cabo desligado. 0 euros." (santos destes, também é raro.)

3ª LOJA - "O disco rígido está avariado. Disco novo mais mão de obra. 125 euros mais iva." (nem tomates tiveram para dizer o preço total. Impressionante.) Mas gostei do aspecto da coisa. Todos de bata branca, tudo muito formal. E estes luxos também se pagam...

4ª LOJA - "Estava mal ligado. 25 euros." (levaram o preço normal de fazer um orçamento.)

Ora, isto realmente é grave, mas será que surpreende muita gente? A mim não. A SIC pecou em não dizer o nome das lojas onde foi roubada, porque provavelmente seria violação a alguma lei de privacidade. Felizmente, eu não tenho esses problemas de consciência, e posso desde já assinalar pelo menos uma loja, que sei ser capaz de fazer aldrabices do género: A CHIP7.

Como é que eu sei isto? Obviamente não tenho condições para fazer um estudo do género, mas para grande infelicidade minha, sou cliente destes labregos. Em todo o caso, posso afirmar em defesa da loja, que se por acaso enganarem alguém, é provavelmente por incompetência, e não por maldade. Tirem as vossas conclusões, após lerem os meus testemunhos.

1ª Situação: Após ter levado um pc ao departamento técnico da loja de Lisboa, em relação a um problema no gravador de cds, a alimentação de um dos discos veio com um fio (são 4) desligado. Era o cabo de ligação à terra e não impedia o bom funcionamento do pc, portanto caguei. Também só reparei nisso algum tempo depois. Quando lá voltei com o pc (com a mesma avaria, que não conseguiram detectar da vez anterior) exigi que apenas lá ficasse o gravador, e que queria levar o resto do pc comigo. Levei uma descasca do caralho, porque estava a armar-me e que eles é que eram os técnicos, e que a avaria podia não ser aquela, blá blá. Caguei. O PC era meu, caralho! O gajo lá abriu aquilo, e quando ia desligar o gravador, reparou no fio desligado. Mais uma peixarada do caraças, e que não sabem mexer e mais não sei quê. Só me lembro que, depois da conversada toda, o man pega nos fios (não na ficha) para arrancar a alimentação do gravador. Adiante.

2ª Situação: Vou à loja trocar um disco e fico lá 30 minutos com os outros clientes à espera que alguém nos venha atender. Do outro lado do balcão estavam 3 funcionários a olhar para o monitor de um pc, mas aparentemente nenhum deles percebia muito daquilo, e muito menos serviam para atender as pessoas que lá estavam. Adiante.

3ª Situação: Vou 3 vezes à loja queixar-me da motherboard (Computador não arrancava, de todo). Resultados de cada uma das vezes:
- Era fonte. Pode vir buscar.
- Era dissipador. Pode vir buscar.
- Era o dissipador da placa gráfica (!). Pode vir buscar.

À quarta vez, preenchi uma espécie de guia de reparação (SIM, EU!) a dizer o que queria que fosse feito ao pc (troca de motherboard). Ficou bom. Ao menos ganhei 2 dissipadores e uma fonte nova sem precisar.

4ª Situação: Deixo o pc na loja de setúbal para ser enviado para Lisboa para reparar. Volto lá uma semana depois para saber se já estava pronto, ainda não tinha sido enviado sequer. E quando foi, foi para o Porto, acho que, de propósito, para me impedirem de ir lá disparatar. Foi um longo mês.

Depois disto tudo, passei a comprar no jumbo. Mal por mal, ao menos fica ao pé de casa.

Wednesday, June 15, 2005

Discriminação sexual

Queria aqui partilhar convosco algo que me deixou indignado. Aqui no bules, a malta abastece-se no armazém local (material de escritório, tinteiros, etc...). É o armazém dum senhor chamado Jacinto. Perdi a conta às vezes que se ouve por aqui "vamos ao jacinto", dito de forma perfeitamente inocente, mas sempre gozada à força toda, como boa amigalhaça que a malta é.

Então, fomos ao Jacinto hoje de manhã. Por acaso não estava lá, estava uma senhora que não sei o nome. Obviamente, daqui para a frente, passará a chamar-se Jacinta.

A nossa lista de material era simples. Mas lá pelo meio, apeteceu-me tentar meter algo que sabia que não devia haver, mas como fazia falta, arrisquei. Era um alicate de corte. Ferramenta, nada a ver com material de escritório, mas que talvez se pudesse arranjar, visto tratar-se de um armazém.

Não havia. Recebi um olhar daqueles, que parecia dizer "foda-se, isto é alguma oficina?"

Calei-me. Não tinha razão para estar descontente. Não fui lá com grandes esperanças.

Continuamos com a lista. A dado momento, solicitamos algo que levou a Jacinta a abrir um armário. Uma rápida espreitadela lá para dentro e o que vejo eu?

(pausa para reflexão)

Não adianta. Nem que tivessem ai o resto do dia, lá chegavam. Pensos higiénicos. Nem preciso de dar ênfase. Penso que as palavras em si resultam no efeito desejado.

Pensos higiénicos... ali, junto com as canetas, os agrafadores, os cadernos...

Agora, isto era suficiente para me indignar? Não. Mas depois de ter levado aquele olhar da Jacinta... Então se não há ferramentas, utensílios vitais para um homem, porque não é material de escritório, vão lá ter pensos?!

Igualdade de direitos, o tanas. A discriminação sexual é uma realidade. Pende é para o lado menos óbvio.

A história de um F.P.

09h40. Estou no trabalho. Não se faz um cu. Sento-me a olhar para o telefone e penso:
"Será que vai tocar? Alguém com um caso para eu resolver? Algo que faça subir a adrenalina neste dia de tédio?"

Não. Não toca. Nunca toca. É dificil manter-me desperto. Os meus sócios inventam o que podem, para se manterem ocupados. Departamento com 5 FP's, mas parece o gabinete de 15 donas de casa. Está tudo limpo. Nem uma mancha para limpar. E lembrar que se chegou a pensar que nunca iria haver tempo para jogar o lixo todo fora. Que ingenuidade.

De repente, alguém entra. "Alguém com um caso para resolver", penso. Mas não. Veio deixar um documento, de importância tal, que é jogado para cima de uma secretária, com o desprezo de alguém que nunca mais iria olhar para ele.

Telefone toca. Ninguém quer acreditar. Agora é decidir, à sorte, quem se irá ocupar de resolver, qualquer que seja o problema do outro lado. 5 minutos de conversa, plena de suspense, passam. E... cá estamos. Na mesma. Falso alarme.

A malta conversa. Há que manter o astral. De bola, de cinema, de música e, ironicamente, de trabalho, como se alguém aqui soubesse o que era isso.

Ligo o rádio. Passa uma música light, bastante audível, de autor desconhecido. Música que, ao certo, alguém alguma vez classificou como "música que emana boa disposição". Burro do caralho.

Muito perto de ceder ao desespero, vou-me entretendo a observar o nível duma garrafinha que guardo na gaveta da secretária, a descer.

"É a época baixa", penso. Daqui a não muito tempo, tudo isto será apenas uma mísera recordação. Ao mesmo tempo penso se não me estarei a iludir. Se os meus tempos de longas noites em claro, a resolver casos sem descanso, terão terminado. E penso no que passei para chegar aqui. Tanto para... nada. É o que eu faço.

Sou F.P.