Sunday, March 19, 2006

Aquela selva arredondada...

Estou a falar, claro está, das rotundas em Portugal. E chamo-lhe selva, porque os portugueses, ao chegarem a uma, se comportam como animais. E porquê? Tenho aqui a oportunidade de referir o blog de um amigo meu, psicólogo de profissão, tanto ou mais parvo que eu, que escreve sobre o individualismo social em http://the-abstract.blogspot.com/2006/02/era-uma-vez-uma-bolha.html

De que forma se aplica isto às rotundas? Bom, comecemos por outro lado. Explicar o porquê de eu ficar fodido quando se recusam a cumprir com o que está certo, só porque "não dá jeito", ou porque simplesmente são nabos.

Eu sou uma pessoa lógica. Sempre fui. E agora que ando metido nos computadores, já penso em 0's e 1's. Assim como o código da estrada. É 80% lógico e intuitivo. Passei o meu primeiro exame de código, devia ter uns 10 anos. Estava no 5º ano, foi feito um exame de 20 perguntas, mais do ponto de vista dos peões e veículos sem motor, mas com perguntas que ainda vi no meu exame de condução, aos 18. Nunca tinha estudado o código da estrada, errei 2 em 20, conseguindo o melhor resultado na escola (acreditem, não foi proeza nenhuma), para não variar. 10 anos. E, se nessa altura, alguém me tivesse ensinado a conduzir em rotundas, eu tinha percebido. Aparentemente, sou um génio, uma vez que, aparentemente, sabia mais aos 10 anos, que os caramelos que hoje andam atrás de um volante. Pior. Há quem saiba, e se recuse a cumprir. Adiante.

Afinal, como se deve abordar uma rotunda? Na altura em que tirei a carta, não existia um algoritmo específico. Tanto que, para o meu instrutor, aqui na minha terra, cada rotunda tinha uma maneira diferente de ser abordada. Ainda pensei em levar cábulas para o exame de condução, mas não tinha espaço para todas e pensei: "que se foda".

Nessa altura, os acidentes em rotundas eram mais que muitos. Finalmente, alguém teve o bom senso de, mais uma vez, adicionar um pouco de lógica ao código da estrada, estipulando que, e passo a citar: "há que obrigar os condutores a circular sempre nas faixas interiores, sendo apenas permitida a passagem para a zona exterior no troço imediatamente antes da saída desejada" (in http://automotor.xl.pt/aut/0903/a01-00-00.shtml). Complicado?!

Dito de outra forma: Só entram numa rotunda encostados à direita se forem sair na 1ª saída, e em mais NENHUMA situação. Se forem em frente, ou sair na 2ª saída, já não encostam à direita, ficando numa das faixas mais à esquerda. Não interessa o número de faixas da saída, mas sim o da entrada.

Agora, a parte complexa, e que faz com esta "receita" não funcione: Quando há um acidente, provocado por um condutor ao tentar mudar para a faixa exterior, antes da sua saída, ou seja, agindo correctamente, aparentemente e tanto quanto julgo saber, este condutor não terá automaticamente razão. Porque não? Se envolvido no acidente estiver também um transgressor, que ia a PASSEAR pela faixa de fora, desde que entrou na rotunda, porque raios não é ele a arcar com as culpas? Bom, ele já lá estava, e o 1º é que lhe foi bater. Então para que serve esta bela merda de "instrução", enquanto houver quem se recuse a cumpri-la? Para foder quem cumpre?

A ausência de acção neste assunto, por parte da própria autoridade, contribui para que seja muito complicado convencer seja quem for a fazer o que é correcto, em deterimento do que é mais fácil. E todos sabemos que não é possível apelar à consciência de cada um, porque simplesmente, isto só está a dar para quem se está a cagar para os outros.

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