Thursday, July 03, 2008

O jogo

Ando a jogar a um jogo ultimamente, e estou a levar uma abada. Tipicamente, como gajo genial que sou, qualquer jogo se torna fácil quando se começam a perceber os truques, portanto deixa-me aborrecido que este esteja a ser tão complicado.

Eu já percebi que tenho que fazer batota. Parece que faz mesmo parte do jogo. Não se pode é ser apanhado senão é-se obrigado a recuar umas casas. E como em qualquer jogo, é preciso ter alguma sorte (ou no caso de alguns, uma vaca do caralho mesmo).

O objectivo do jogo é conseguir um ordenado decente. Uma das principais (senão a única) dificuldades deste jogo é ser jogado em Portugal. Lá por fora a coisa facilita bastante, pelo menos é o que dizem. Aquilo que eu vejo é que, mesmo por cá, há por aí muita gente que não sabe sequer jogar, mas que vai à minha frente, e à frente de muita gente por esse mundo fora. Como? Com a tal batota, que eu já referi, que alguns, como eu, têm que aprender a fazer, e outros que, não a fazem, mas têm quem a faça por eles (o que faz deste um jogo ideal para jogar em família).

Eu comecei a aprender as regras do jogo quando tinha 5 anos, mas mais a sério quando tinha 17. Infelizmente, e apesar de ter lido sebentas inteiras com as regras (ok, eu não li mesmo, mas queriam que eu lesse, felizmente aprendi a fazer um bocadinho de batota logo cedo), não há ninguém que nos ensine realmente a jogar. Se bem que, desde de pequenino que o pai me diz "a trabalhar não se vai a lado nenhum", eu é que não lhe dei ouvidos. Afinal, sempre o tive em alta conta, e o home sempre trabalhou, portanto não podia ser assim tão má ideia. Felizmente ele joga outro jogo, noutro sítio, e aí faz-se menos batota. Adiante.

Apesar de eu ter sido maçarico, há de facto sítios onde se aprende a fazer batota, nomeadamente juventudes políticas, ou até associações de estudantes. O problema, a meu ver, é que quem opta por este atalho, está totalmente corrompido antes dos 40, acabando por atingir um exagerado nível da chamada filha da putisse, que me desagrada um bocado. É que, apesar de pequeno batoteiro que sou, estava a ver se conseguia chegar ao fim do jogo sem ter sido filho da puta para ninguém.

Já em termos de saber realmente jogar... A coisa não está famosa. Eu, que até não jogo mal, apesar de só jogar à 3 anitos, não evoluí grande coisa à pala disso. Mas o mais grave é ver muita gente que joga muito melhor que eu, e que mesmo assim não consegue saltar algumas casas de merda que qualquer jogo de tabuleiro tem. É que os que vão à frente não gostam muito que os de trás se aproximem, principalmente quando jogam demasiado bem. E jogar bem nunca trará tanta vantagem como fazer bem batota. Pelo menos neste jogo.

Assim, vou fazendo batota à medida que posso. Desta forma já consegui passar alguns jogadores um pouco melhores que eu, mas é estupidamente impressionante a quantidade de jogadores de merda que ainda me falta passar.

Quais as vantagens e desvantagens de um jogo assim, pergunta o visivelmente interessado leitor? Vantagens são poucas. À excepção de impedir que certas abéculas que dificilmente acredito serem capazes de limpar as próprias nalgas morram à fome, não há grande vantagem. Desvantagens há mais, começando logo pelo facto de certas abéculas, que dificilmente acredito serem capazes de limpar as próprias nalgas, não morram à fome. Mas há mais, que é boa gente que anda para aí iludida a tentar jogar honestamente, e a pagar caro a factura disso. Outra desvantagem é o envelhecimento da população por não haver dinheiro para procriar, que poderia ser mais acentuado, não fosse o facto de haver para aí muita batota e pouco trabalho entre os que já cá estão.

Mais?

Apesar de ser uma merda, há quem queira jogar e não consiga. Há também quem gostasse de jogar num sítio e tenha que jogar noutro (caixas do continente, p.e.). Porquê? A culpa aqui é das pessoas que não precisam de jogar ao jogo, ou seja, o governo. O governo é basicamente um comité eleito pelos jogadores, por sulfrágio universal, mediante a promessa de mudança de certas e determinadas regras do jogo, em teórico favor da maioria dos jogadores. Mas na prática, o governo não joga, nem deixa jogar. O governo é o Bynia. E quando, de facto, faz alguma coisa, normalmente os jogadores fodem uma perna (metáfora para "capacidade de avançar no jogo", e que ajuda a piada do Bynia).

Entrar no jogo é fodido. Sendo que é necessário desenvolver relações de quase-serventia com jogadores mais à frente, o estabelecimento das mesmas é dificultado por um facto que, no mínimo é estupidamente hilariante, mas ao mesmo tempo é triste: É pedido a quem nunca jogou, que já tivesse jogado. Ou seja, é preciso jogar para... jogar. Mas então se nunca se jogou, como é que podemos jogar? Pertinente, claro. Mas frequentemente ignorado e esquecido por quem já joga, uma vez que esse problema já não é deles. Sim, o jogo é uma selva, e os jogadores umas bestas.

Em suma, e atenção às minhas palavras que um dia vou escrever um livro e ganhar dinheiro com isto, a minha percepção actual sobre como chegar ao fim do jogo é optar pela prostutição abundante à melhor oferta. Vou actualizando esta info à medida que for dispondo, mas para já é isto mesmo.



Glossário

Mercado Trabalho - Jogo
Directores - Batoteirus Eximius
Chefes - Batoteirus
Seniores - Bons jogadores
Juniores - Maus jogadores ou Jogadores tenrinhos
Desempregados - Recém licenciados ou Gajos apanhados a fazer batota ou a escrever merdas destas em blogs.